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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Diário de Trabalho 014 - Por Edson Fernando

O tempo tem sido muito desfavorável, e por conta das diversas atividades que precisamos conciliar em nossa jornada de trabalho, os registros dos últimos dias de pesquisas ficaram atrasados. No intuito de minimizar este atraso e de atualizar e compartilhar os registros pasados, apresento neste post um relato sintetizando a principal atividade pesquisada em sala de trabalho referente aos dias 09, 11, 14, 16 e 18 de Abril.

Iniciada a etapa da pesquisa denominada laboratórios de criação o foco de nossa investigação centrou-se na composição da base corporal do papel "Zé", o protagonista do drama na adaptação do texto de Woyzech realizada por Fernando Marques. Partimos de duas relevantes considerações para orientar o trabalho dos atuantes, apresentadas nas passagens a seguir de Fernando Marques e de Anatol Rosenfeld, respectivamente: 

"Em contraste com os herpois clássicos, seres excepcionais mesmo na derrota e na queda, Woyzech é um homem desequilibrado e frágil, manipulado pelos superiores, o Capitão e o Médico, traído pela namorada Maria e espancado pelo rival Tamboreiro-mor." (2003, p.20) 

"O automatisto será tema fundamental de Danton ('Somos bonecos puxados no fio por poderes desconhecidos') [...] e sobretudo em Woyzech. [...] O automatismo desses fantoches é determinado por um Es, um it, uma força anônima, irracinal, que envolve os personagens ou atua no seu inconsciente. [...] Woyzech, tornado em objeto pelo médico e cercado e perseguido por esse Es, assassina a mulher amada sob a imposição do automatismo." (2005, p. 63)   



Assim, considerando essas pastagens significativas acerca da obra de Büchner, iniciamos em 09 de Abril, uma exaustiva investigação para materializar o tema do automatismo no trabalho da composição da base corporal do papel "Zé". Os exercícios foram diversos e uma parte dele pode ser conferida no vídeo no final deste post. Um dos caminhos trilhados para alcançar este objetivo foi a articulação dos princípios trabalhados no treinamento psicofísico (foco, atenção, equilibrio, prontidão, etc) transpostos para execusão desta que será a base corporaldo protagonista do drama. 

A primeira orientação para executar esta pesquisa solicitou dos atuantes que procurassem pontos de tensão no corpo, pontos estes que deixassem em relevo uma oposição de forças atravessando os corpos. Em seguida repetir exaustivamente o deslocamento a apartir dos pontos determinados por cada atuante. A compreensão de como agir parecia obliterada em alguns momentos do exercício, dada a dificuldade de executar o que era proposto. Recorri, então, a imagem de um ser imaginário que brinca puxando fios atados nos corpos dos atuantes; estes fios localizam-se exatamente nos pontos de tensão determinados por cada um. O atuante deve se deslocar deixando em evidencia que esta sendo puxado por algo que se encontra fora dele próprio. O movimento portanto é desencadeado por algo que está fora do atuante. No entanto, para executar tal exercício o atuante deve entender que embora deva ressaltar corporalmente que o movimento origina-se fora dele, a intensão deste deslocamente é dada a apartir do ponto de tensão localizada no próprio atuante. Temos então, uma pequena contradição para realização do exercício: realizar ressaltando o movimento com origem externa, mas com o entendimento que a intensão é interna. Confira o vídeo com um compacto dos momentos decisivos de cada exercício:  

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