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terça-feira, 26 de março de 2013

Diário de Trabalho 002 - Ano 2013. Por Edson Fernando



O dia de trabalho foi dedicado ao aprofundamento dos exercícios realizados no treino do dia anterior. O treinamento psicofísico realizado antes do exercício 02 foi o kalarippayattu. Abaixo segue a descrição do exercício 02 e suas subseqüentes etapas que culminaram na realização da cena 01 – Quarto.        
Descrição do Exercício 02:
Uma variante do exercício 01 realizando a Leitura da Cena 01 – Quarto, do texto dramático , de Fernando Marques e aplicação do apuro da oralidade oriundo do exercício no desenho da mesma cena. 
Etapa 1: Três atuantes dispostos sentados nos vértices do triângulo realizam a leitura do texto projetando a voz para os demais companheiros. Não há papel determinado, cada atuante pode ler as falas de qualquer personagem. Quem realiza a leitura deve permanecer de pé até que outro atuante interrompa a leitura e prossiga com o texto do ponto de onde interrompeu; quem interrompe a leitura deve colocar-se de pé e quem foi interrompido sentar-se imediatamente. A interrupção pode ser feita a qualquer momento do texto.
Etapa 2: Todas as orientações da etapa 1 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo comando: a interrupção deve ser realizada com maior freqüência por todos os atuantes.
Etapa 3: Todas as orientações da etapa 2 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo comando: para aumentar ainda mais o ritmo do jogo deve-se trocar de leitor sempre que terminar a fala de um personagem.
Etapa de transição para aplicação dos princípios do exercício na cena:
Nesta etapa os atuantes devem apropriar-se dos princípios exercitados anteriormente e trabalhá-los na respectiva cena.
Fase 1: Os atuantes permanecem dispostos nos vértices do triângulo; a circunstância dada é uma conversa entre os personagens Capitão e Zé, nela evidencia-se o status de cada papel; sem o recurso do texto dramático os atuantes devem desenvolver um diálogo a partir da circunstância dada; somente um fala por vez permanecendo de pé até que seja interrompido; quem interrompe se levanta e quem é interrompido se senta imediatamente.      
Fase 2: Os atuantes iniciam o aplicativo sentados nos vértices do triângulo; a atuante Brida Carvalho desempenha o papel do Capitão e os atuantes Cesário Augusto e Silvia Luz desempenham o papel do Zé – todos devem seguir o texto dramático na integra; deve permanecer de pé somente o atuante que dispõe da palavra; sempre que um dos atuantes bater uma palma todos devem trocar de lugar escolhendo qualquer uma das cadeiras da platéia. 
Fase 3: exercita-se os princípios dos exercícios anteriores desempenhando as ações propriamente ditas da respectiva cena, ou seja, todos as vezes que o Capitão realizar uma baforada no seu charuto os  Zé (s) devem ser arremessados para o lado oposto em que se encontram dentro da arena.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Diário de Trabalho 001 - Ano 2013. Por Edson Fernando






A pesquisa referente ao ano de 2013 iniciou-se oficialmente no último dia 23 de Março. As atividades descritas neste, e nos diários subseqüentes, assinados por mim compartilharão os procedimentos realizados em sala de trabalho referentes à pesquisa transversal intitulada “Inserções, registro e continuidade na criação da montagem teatral ‘Zé(s) - sem eira nem beira’”. Esta pesquisa segue as etapas estabelecidas pela investigação matricial do GITA – dispostas no ciclo em voluta que perpassam por treinamento psicofísico, oficinas, laboratórios de criação, ensaios e apresentações públicas – as atividades deste primeiro encontro de trabalho estiveram voltadas para o repasse e aprendizado de algumas novas práticas de treinamento psicofísico apreendidas por Cesário Augusto – por ocasião de seu pós-doutoramento ocorrido no ano de 2012 – e a retomada dos exercícios de percepção e estímulos diversos próprios da fase das oficinas.
 No tocante as novas práticas de treinamento Cesário realizou uma demonstração dos 18 Movimentos de T’ai chi ch’ uan do Lao Jai – estilo do Mestre Chen – e em seguida uma demonstração de T’ai chi ch’ uan com espadas. Estas novas práticas passam a ser inseridas na rotina de treinamentos do grupo ao longo deste ano.


  
 Detalhe da demonstração dos 18 Movimentos de T’ai chi ch’ uan do Lao Jia - estilo do Mestre Chen – executada pelo Prof.º Dr. Cesário Augusto. Foto: Edson Fernando



Sequência inicial de movimentos do  T’ai chi ch’ uan com espadas. Foto: Edson Fernando



Quanto à fase das oficinas, os exercícios inicialmente propostos estão voltados ao apuro da oralidade das sete cenas que compõem a montagem “Zé (s) – sem eira nem beira” resultado da pesquisa do ano 2012. A arena triangular da montagem é também o espaço para realização do exercício descrito abaixo.

Detalhe dos atuantes na Etapa 1 do exercício descrito abaixo. Fotos: Edson Fernando



Descrição do Exercício 01:

Leitura e exercícios para o apura da oralidade da Cena 01 – Quarto do texto dramático , de Fernando Marques.

Etapa 1: Três atuantes dispostos sentados nos vértices do triângulo realizam a leitura do texto projetando a voz para os demais companheiros. Não há papel determinando, cada atuante pode ler as falas de qualquer personagem. Esta etapa preparatória repete-se algumas vezes. 

Etapa 2: Todas as orientações da etapa 1 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo comando: o atuante que realiza a leitura deve permanecer de pé até que outro atuante interrompa a leitura e prossiga com o texto do ponto de onde interrompeu; quem interrompe a leitura deve colocar-se de pé e quem foi interrompido sentar-se imediatamente. A interrupção pode ser feita a qualquer momento do texto.

Etapa 3: Todas as orientações da etapa 2 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo comando: ao som de uma palma – efetuada pelo condutor do exercício – todos os atuantes devem trocar rapidamente de lugar (procurar o vértice mais próximo) deslocando-se em sentido horário.

Etapa 4: Todas as orientações da etapa 3 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo comando: ao som de duas palmas efetuada pelo condutor do exercício – todos os atuantes devem trocar rapidamente de lugar (procurar o vértice mais próximo) deslocando-se em sentido anti-horário.

Etapa 5: os atuantes dispostos em pé, no centro do triângulo, dialogam livremente a partir das circunstâncias dadas da cena.

Princípios trabalhados:

- Busca-se o apuro da oralidade a partir da leitura do texto exercitando as diversas possibilidades de intenções ocultas nas entrelinhas do mesmo – qualidade do que se diz, como se diz e por que se diz;

- Estado de prontidão e precisão para realizar os comandos que vão sendo apresentados;

- Interação corpo e mente na realização do exercício: os comandos propõem ações que devem ser realizadas concomitantemente a leitura do texto; ações e textos devem ser realizados e pensados de modo integrado;

- Andamento da leitura (ritmo) perseguindo a ação e reação vocal.

Observações a partir da realização do exercício:
A realização deste exercício nas suas subseqüentes etapas possibilitou perceber algumas dificuldades no trato com o texto que devem ser superadas no decorrer do processo. A primeira é referente ao ritmo da leitura do texto – conseqüentemente ao ritmo da cena; percebi que a tendência inicial é de acelerar o andamento da leitura na mesma medida em que se acelera o deslocamento de um vértice a outro do triângulo; as falas atropeladas, isto é, dois falando ao mesmo tempo, também foram notórios. É natural que a ação provoque e altere a qualidade do texto, no entanto, o atuante deve controlar a ansiedade, evitando simplesmente falar mais rápido e aproveitar a ação do comando para ganhar no andamento da cena, isto é, no ritmo em que o dialogo vai sendo processado.