A
pesquisa referente ao ano de 2013 iniciou-se oficialmente no último dia 23 de
Março. As atividades descritas neste, e nos diários subseqüentes, assinados por
mim compartilharão os procedimentos realizados em sala de trabalho referentes à
pesquisa transversal intitulada “Inserções,
registro e continuidade na criação da montagem teatral ‘Zé(s) - sem eira nem beira’”. Esta pesquisa segue as
etapas estabelecidas pela investigação matricial do GITA – dispostas no ciclo
em voluta que perpassam por treinamento psicofísico, oficinas, laboratórios de
criação, ensaios e apresentações públicas – as atividades deste primeiro
encontro de trabalho estiveram voltadas para o repasse e aprendizado de algumas
novas práticas de treinamento psicofísico apreendidas por Cesário
Augusto – por ocasião de seu pós-doutoramento ocorrido no ano de 2012 – e a
retomada dos exercícios de percepção e estímulos diversos próprios da fase das
oficinas.
No tocante as novas práticas de treinamento Cesário realizou uma demonstração dos 18 Movimentos de T’ai chi ch’ uan do Lao Jai – estilo do Mestre Chen – e em seguida uma demonstração de T’ai chi ch’ uan com espadas. Estas novas práticas passam a ser
inseridas na rotina de treinamentos do grupo ao longo deste ano.
Detalhe da demonstração
dos 18 Movimentos de T’ai chi ch’ uan
do Lao Jia - estilo do Mestre Chen –
executada pelo Prof.º Dr. Cesário Augusto. Foto: Edson Fernando
Sequência inicial de movimentos
do T’ai chi ch’ uan com espadas.
Foto: Edson Fernando
Quanto
à fase das oficinas, os exercícios inicialmente propostos estão voltados ao
apuro da oralidade das sete cenas que compõem a montagem “Zé (s) – sem eira nem beira” resultado da pesquisa do ano 2012. A
arena triangular da montagem é também o espaço para realização do exercício
descrito abaixo.
Detalhe dos atuantes na Etapa 1 do exercício descrito abaixo. Fotos: Edson Fernando
Descrição do Exercício 01:
Leitura
e exercícios para o apura da oralidade da Cena
01 – Quarto do texto dramático Zé,
de Fernando Marques.
Etapa 1: Três
atuantes dispostos sentados nos vértices do triângulo realizam a leitura do
texto projetando a voz para os demais companheiros. Não há papel determinando,
cada atuante pode ler as falas de qualquer personagem. Esta etapa preparatória
repete-se algumas vezes.
Etapa 2:
Todas as orientações da etapa 1 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo
comando: o atuante que realiza a leitura deve permanecer de pé até que outro
atuante interrompa a leitura e prossiga com o texto do ponto de onde
interrompeu; quem interrompe a leitura deve colocar-se de pé e quem foi
interrompido sentar-se imediatamente. A interrupção pode ser feita a qualquer
momento do texto.
Etapa 3:
Todas as orientações da etapa 2 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo
comando: ao som de uma palma – efetuada pelo condutor do exercício – todos os
atuantes devem trocar rapidamente de lugar (procurar o vértice mais próximo)
deslocando-se em sentido horário.
Etapa 4:
Todas as orientações da etapa 3 permanecem inalteradas; acrescenta-se um novo
comando: ao som de duas palmas efetuada pelo condutor do exercício – todos os
atuantes devem trocar rapidamente de lugar (procurar o vértice mais próximo)
deslocando-se em sentido anti-horário.
Etapa 5:
os atuantes dispostos em pé, no centro do triângulo, dialogam livremente a
partir das circunstâncias dadas da cena.
Princípios trabalhados:
-
Busca-se o apuro da oralidade a partir da leitura do texto exercitando as
diversas possibilidades de intenções ocultas nas entrelinhas do mesmo –
qualidade do que se diz, como se diz e por que se diz;
-
Estado de prontidão e precisão para realizar os comandos que vão sendo
apresentados;
-
Interação corpo e mente na realização do exercício: os comandos propõem ações
que devem ser realizadas concomitantemente a leitura do texto; ações e textos
devem ser realizados e pensados de modo integrado;
-
Andamento da leitura (ritmo) perseguindo a ação e reação vocal.
Observações a partir da realização
do exercício:
A realização deste
exercício nas suas subseqüentes etapas possibilitou perceber algumas
dificuldades no trato com o texto que devem ser superadas no decorrer do
processo. A primeira é referente ao ritmo da leitura do texto –
conseqüentemente ao ritmo da cena; percebi que a tendência inicial é de
acelerar o andamento da leitura na mesma medida em que se acelera o
deslocamento de um vértice a outro do triângulo; as falas atropeladas, isto é,
dois falando ao mesmo tempo, também foram notórios. É natural que a ação
provoque e altere a qualidade do texto, no entanto, o atuante deve controlar a
ansiedade, evitando simplesmente falar mais rápido e aproveitar a ação do
comando para ganhar no andamento da cena, isto é, no ritmo em que o dialogo vai
sendo processado.